» » “Quer ser bom pai? Frustre seu filho”, diz Marcos Mion


Será que os pais estão mais ativos hoje? Mas por que, ainda assim, muitas crianças não contam com uma figura paterna em seu dia a dia? Sem falar nos que até contam, mas não participam com a intensidade que deveriam da rotina. Para Marcos Mion, quem mais perde são os próprios homens. “Nada que eles construam, conquistem ou comprem vai ser mais importante ou valer mais do que ser a base da vida do ser humano que colocaram na Terra”, diz, em entrevista exclusiva à CRESCER.

O apresentador, colunista da CRESCER e autor do livro Pai de menina, que chegou a marca dos 50 mil exemplares vendidos, deu uma entrevista exclusiva para o site e disparou: “Se você educar seus filhos, vai poder mimar seus netos; se você mimar seus filhos, vai ter que educar seus netos”. Confira:

Qual presente você gostaria de ganhar, de verdade, neste Dia dos Pais?
O que eu mais desejo é ficar o dia inteiro com meus filhos e minha esposa fazendo nada (risos)! Nada, não; o que a gente quiser! Mas meus maiores desejos de consumo rondam em torno de sentar no sofázão, todos nós sete, e passarmos o dia conversando, jogando, comendo, brincando, dando risada. Ah, os sete são: eu, Suzana, Romeo, Doninha, Tefo, Pankeka e Pipoka [os dois últimos são os cães da família].

Quais são os maiores desafios da paternidade hoje?
Saber lidar com a falta de limites que a sociedade impõe. Hoje, ser um bom pai está associado a ser permissivo, não dar limites, trabalhar o máximo que pode para o filho consumir tudo de que não precisa. Ser bom pai está associado a liberar eletrônicos, dar celular, videogame, enfim, deixar a vida do filho mais fácil, “coitadinho”! Mas, se você educar seus filhos, vai poder mimar seus netos. Se você mimar seus filhos, vai ter que educar seus netos. Ser um bom pai está bem longe de ganhar o troféu do pai mais legal do ano. A educação é feita no “não”. Isso é difícil de aguentar. Muitas vezes, penso que poderia liberar ainda mais tempo no tablet ou mais doces ao longo do dia. Afinal, eles têm que ser felizes também. Mas, se vivermos como se não houvesse consequência, como se não houvesse o amanhã, não construímos nada. E isso, refletido para o mundo das crianças, significa um futuro adulto que não consegue lidar com a realidade, com dificuldades. Um adulto que, ao tomar um fora da namorada, já pensa em se matar pelo simples fato de não saber lidar com rejeição. Quer ser bom pai? Frustre seu filho. Com consciência e sabedoria, mas fruste! Diga “não”! Por favor diga mais “não” do que “sim”! Dizer “não” é amar! O amor se mostra no “não”. O “sim” qualquer um dá!

Cada vez mais pais estão assumindo seu papel real na criação dos filhos, mas muitos ainda deixam de fazer sua parte, principalmente se você for pensar no Brasil, como um todo. O que você diria para esses homens que ainda estão presos ao machismo e a papéis pré-determinados lá atrás pela sociedade?
Eu diria que eles estão perdendo a maior experiência da vida. Nada que eles construam, conquistem ou comprem vai ser mais importante ou valer mais do que ser a base da vida do ser humano que colocaram na Terra. Não existe realização maior do que ser responsável por criar uma criança que vai crescer para fazer a diferença na vida dos outros.

Como você mais gosta de curtir o tempo que tem com seus filhos?
Fazendo as coisas do dia a dia. Tem gente que acha que grandes momentos são feitos em viagens, mas nada se compara à vida real, ao dia a dia. Acordar, escovar os dentes, se trocar, ir conversando sobre o dia até o café da manhã. Buscar na escola, ir trocando ideia no carro, ouvindo música... Esses, para mim, são os grandes momentos da vida. Uma criança se diverte com qualquer um, mas a pessoa importante, de fato, é aquela para quem ela corre quando se machuca. E essa pessoa ganha essa confiança no dia a dia, estando lá, presente, e não chegando só para brincar ou para levar para viajar. Fico triste quando vejo crianças gritando pela babá quando se machucam, pois isso é resultado de pais que só querem pegar o bebê quando ele está pronto, alimentado, vestido e penteado. 

O sucesso do seu livro mostra que os homens estão dispostos a serem pais melhores?
Mesmo acreditando que a maioria do público é formado por mães que compram o livro para seus maridos, pois a maior parte dos homens não tem o ímpeto de se dedicar à paternidade, acredito que, depois que começam a ler, eles entendem e mudam. De todos elogios que recebo na rua, o que me causa maior impacto é quando homens me dizem que mudaram a forma como tratam suas filhas e encaram a paternidade depois de ler o meu livro.

FONTE: REVISTA CRESCER


Postado por César Oliveira

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